segunda-feira, junho 27, 2005

Uma visita ao antro dos Moleculentos

Esclarecendo a piada interna do título, Moleculento é como apelidamos os graduandos (como o Vitor) em Ciências Moleculares, sem maldade, inveja ou qualquer tipo de desdém. Apenas uma brincadeira pura e inocente. Pois bem, visitei a USP esses dias. não que eu a tenha conhecido por completo, de fato, conheci apenas uma pequena parte da "gloriosa". Mais especificamente, conheci (em ordem cronológica): uma entrada lateral com os muros pichados (um dos dizeres: "USP racista: cotas já!"), a raia olímpica, o CRUSP (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo), o Favo 22 (Sede do Curso de Ciências Moleculares) e o Bandejão próximo a esses dois últimos.

Não foi difícil chegar ao muro pichado. Com boas instruções do Vitor (pegar a linha verde do metrô, descer na Vila Madalena, pegar a ponte ORCA com destino a estação de trem Cidade Universitária, cruzar a ponte e descer pelo caminho de cimento) foi simples e levei menos do que o planejado para chegar até lá. Ou seja, esperei meia hora pelo Vitor na escada da estação Cidade Universitária.

Sem maiores problemas andamos por uns 15 minutos e chegamos ao Favo 22. Conheci a sede do curso e fiquei admirado com a estrutura montada para os alunos. Senti uma ponta de inveja, mas esta logo se dissiparia... Brincamos um pouco nos computadores do laboratório de computação enquanto os colegas do Vitor chegavam. Nove da manhã e a aula começa. Aula de Bio, como eles dizem. Se fosse na Unifesp, a aula seria de Biofísica e de Biologia Molecular/Bioquímica. Engraçado... Tive aulas muito semelhantes, e eu estava lá justamente na hora da "prova" deles. Era uma espécie de discussão na qual a professora pedia para um ou dois alunos esclarecerem um ponto que já havia sido levantado em outra aula e explicassem para a turma.

A professora era, sem dúvida, muito boa. Claro! Era Biomédica da 2ª turma (para ter uma idéia a minha é a 38ª) formada na antiga Escola Paulista de Medicina, que hoje também se chama Universidade Federal de São Paulo. Docente de Farmacologia por 15 anos na Unifesp, atualmente ela se encontrava na USP. Muito boa não quer dizer perfeita, no entanto. Gostaria de ter levado o Vitor para ter visto uma das diversas aulas que eu tive sobre o mesmo tema para que ele pudesse ter tirado as conclusões. A professora dele havia estado presente na banca de doutorado da minha professora, mas no mundo acadêmico os Estudantes costumam superar os Mestres.

Antes do almoço ouvi discussões sobre o curso, a situação atual e a posição dos estudantes. Bem... semelhanças, muitas semelhanças... Com vantagens conjunturais para ambos os lados. Enquanto a essência do curso deles permanece intacta, o meu passa atualmente por uma reestruturação, perdendo um pouco da "filosofia inicial" de Pesquisa e Docência. Nós temos um Centro Acadêmico atuante, uma organização política mais bem estabelecida. Senti que eles deveriam se organizar, mas como adicionar mais uma tarefa ao conturbado dia dos moleculentos? Não que o meu dia seja fácil, ele não o é. Mas o trabalho pode ser mais dividido, visto que temos mais estudantes.

Na parte final da minha visita, fomos almoçar. Nem é tão ruim assim o bandejão da USP. E dizem que eu fui ao pior deles... Recomendaram o da Física... OK, Vitor? Da próxima já sabe! Lombo, farofa, arroz e feijão, além de pãozinho e suco amarelo. Nada mal. Comemos e depois conversamos um pouco. Descobri que uma colega do Vitor é amiga de uma caloura minha. Mundo pequeno... Era hora de me despedir daquele mundo diferente, cheio de pessoas inteligentíssimas, e voltar para o meu, com o qual estou mais à vontade. De que as ciências básicas são as mais belas eu não tinha dúvida, mas depois da visita à USP tive a certeza de que estou no rumo certo bem longe da "gloriosa". Talvez ela atravesse meu destino um dia, mas não por agora. :-)

Abraços!

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Da próxima vez você faz o percurso todo sozinho, mas traga um livro mesmo assim =P
Na verdade, quase todas as aulas da Regina Markus são como a prova que você assistiu, a diferenća é que o que foi discutido naquele dia já fora discutido com detalhe maior...
Confiando nos seus comentários, arrisco-me a dizer que você e seus colegas aprendem aquele tema mais profundamente, e fixam melhor as informaćões, uma vez que lhes é dado maior tempo para raciocinar a respeito. Só que você nunca aprendeu relatividade =P hahahahaha
Nosso (meu e de meus colegas) curso conserva sua essência, e junto a ela muitos problemas que podem e precisam ser resolvidos sem prejudicar a mesma... Reestruturar não é ruim, o ruim (ao menos sob a perspectiva que compartilhamos) é mudar o objetivo do curso, que foi o que aconteceu com o seu, segundo relatado por você a mim.
Certo, se você tivesse bandejado no Central hoje, certamente não teria a mesma opinião.
O que difere a "gloriosa" da "escola" é que aquela é maior, menos organizada e menos especializada, portanto, creio que você está de fato no caminho certo, e que a "gloriosa" não precisa nunca cruzar o seu caminho e nunca fará falta. Não pense, no entanto, que não é bem vindo =)

Abraćos.

29/6/05 16:58  
Anonymous Anônimo said...

O que é a "gloriosa"?

16/7/05 18:04  
Blogger alvestoteles said...

E aí doutor, desistiu de escrever nisso aqui?
Parece eu! ;)

25/8/05 00:51  
Anonymous Anônimo said...

Por que parou?
Parou por quê?

10/9/05 01:01  

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