Exame de Ordem para Medicina
Não foi um dia ordinário. Acordei atrasado, não fui para a aula, resolvi questões financeiras do Centro Acadêmico, distribuí os agasalhos recém-chegados, assisti a uma das aulas mais densas do semestre (nunca vi tantos neurônios produzindo tantas substâncias diferentes em uma só aula.. nem na aula de neuroquímica! Neuroendocrinologia é um campo de estudo interessante, no entanto.) E por fim, depois da aula, assisti ao que vem a ser o principal tema desse texto: Um debate sobre Exame de Ordem para Medicina entre um representante do CREMESP e uma acadêmica da DENEM (Direção da Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina)
Para começar (e situar meus colegas perdidos) temos alguns fatos: O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) realizará uma avaliação de caráter não obrigatório neste e no próximo ano (2005/6) para médicos recém-formados ou com um ano de diploma. Essa avaliação não elegerá aqueles que podem exercer a Medicina ou não, mas apenas avaliará os recém-formados com a intenção de "separar o joio do trigo" nessa plantação heterogênea que é o ensino médico no estado de São Paulo.
A classe acadêmica discorda desse formato de avaliação e apresentou alguns argumentos interessantes durante sua exposição. Realçou que não pode haver uma avaliação "final", apenas no final do 6º ano, que habilitará, ou não, um formando para o exercício da Medicina. O que faria, depois de 6 anos de faculdade, um "Bacharel em Medicina"? É, de fato, interessante como eles se comportam com essa questão. Eu, isento de qualquer vassalagem ideológica, pensei com meus botões: "Eles acham tão significativo esse 6º ano que nenhum outro curso de perído integral possui... Eu estou estudando aqui, por 4 anos, para me formar 'Bacharel em Ciências Biológicas - Modalidade Médica'. É tão feio assim? Seria a Medicina um curso tão superior que todos seus acadêmicos teriam capacidade de sair habilitados para a prática médica?" Claro que não. Eles sabem disso e deixaram claro durante as exposições. Tanto o CREMESP quanto a DENEM.
Então eu não sabia mais o que pensar. Eu saio do meu curso habilitado para... Hum... Pesquisar! Hehe... Isso qualquer formando de qualquer curso pode fazer. Até mesmo o coitado do "Bacharel em Medicina" pode fazer isso. Conclusão parcial: Coitados dos Biomédicos. Mas pelo menos nos avisaram que iria ser assim antes de fazermos a matrícula. Eu não tenho pena dos "médicos" que um dia possam vir a não ter habilitação. Isso foi levantado meia dúzia de vezes durante o debate e a última resposta dada foi a de que isto seria pensado quando e se o exame de ordem for um dia obrigatório. Por enquanto a reprovação no exame não significa impedimento para o exercício da Medicina.
Ouvi citações de Descartes durante uma das perguntas e sinceramente muito pouco entendi. O que seria essa idéia de questionamento, reconstrução do conhecimento? aplicadas a um possível exame de ordem? Boiei... Não fez sentido nessa cabeça oca que possuo. Talvez o Rafael me fale melhor disso depois. Não sei se ele se interessa por isso, mas suponho que sim. Ainda mais sobre Exames de Ordem, visto que no final do curso de Direito há um para os aspirantes a advogados... (7% de aprovação no último exame... nossa!...).
Sinto que perdi o fio da meada. Voltando. Uma avaliação seriada, proposta pelos acadêmicos de Medicina, parece ir ao encontro das metas do CREMESP. Todos brigam por uma mesma causa, a melhoria da qualidade do ensino Médico, e de um controle mais eficiente dos novos profissionais que entram no mercado, seja com o impedimento da abertura de novas escolas, seja com uma avaliação mais rígida. A diferença é que enquanto os estudantes defendem uma avaliação institucional o CREMESP propõe uma avaliação externa às instituições. Neste ponto eu me sinto obrigado a concordar com o professor de Cardiologia da UNIFESP, Membro do CREMESP, Dr. Bráulio, que não importa o quanto esperemos, as instituições nunca vão se auto-avaliar de maneira adequada, padronizada e confiável.
Posso questionar, no entanto, como fez a DENEM, da isenção do CREMESP para tal responsabilidade. Todavia, eles possuem o mérito de serem os pioneiros no país a realizar esse tipo de avaliação. Seria um bom princípio, segundo eles. Lembro que eles foram criticados quanto ao "caráter científico", ou experimental, da prova. Não vi nenhum absurdo na construção do raciocínio dessa parte. Não li as referências citadas e nem pretendo, que o façam as partes interessadas. Não desisti de entender esse tema ainda, mas não vou ativamente atrás dessas informações, pois para mim a Microbiologia no momento é mais importante que qualquer exame de ordem.
Eu também tenho um exame muito importante assim que eu acabo a faculdade, que é a prova de pós-graduação. E pretendo passar para pode continuar nesta adorável vida acadêmica que eu escolhi pra mim. E para chegar até a prova da pós eu preciso passar de ano. Abraços a todos!
Para começar (e situar meus colegas perdidos) temos alguns fatos: O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) realizará uma avaliação de caráter não obrigatório neste e no próximo ano (2005/6) para médicos recém-formados ou com um ano de diploma. Essa avaliação não elegerá aqueles que podem exercer a Medicina ou não, mas apenas avaliará os recém-formados com a intenção de "separar o joio do trigo" nessa plantação heterogênea que é o ensino médico no estado de São Paulo.
A classe acadêmica discorda desse formato de avaliação e apresentou alguns argumentos interessantes durante sua exposição. Realçou que não pode haver uma avaliação "final", apenas no final do 6º ano, que habilitará, ou não, um formando para o exercício da Medicina. O que faria, depois de 6 anos de faculdade, um "Bacharel em Medicina"? É, de fato, interessante como eles se comportam com essa questão. Eu, isento de qualquer vassalagem ideológica, pensei com meus botões: "Eles acham tão significativo esse 6º ano que nenhum outro curso de perído integral possui... Eu estou estudando aqui, por 4 anos, para me formar 'Bacharel em Ciências Biológicas - Modalidade Médica'. É tão feio assim? Seria a Medicina um curso tão superior que todos seus acadêmicos teriam capacidade de sair habilitados para a prática médica?" Claro que não. Eles sabem disso e deixaram claro durante as exposições. Tanto o CREMESP quanto a DENEM.
Então eu não sabia mais o que pensar. Eu saio do meu curso habilitado para... Hum... Pesquisar! Hehe... Isso qualquer formando de qualquer curso pode fazer. Até mesmo o coitado do "Bacharel em Medicina" pode fazer isso. Conclusão parcial: Coitados dos Biomédicos. Mas pelo menos nos avisaram que iria ser assim antes de fazermos a matrícula. Eu não tenho pena dos "médicos" que um dia possam vir a não ter habilitação. Isso foi levantado meia dúzia de vezes durante o debate e a última resposta dada foi a de que isto seria pensado quando e se o exame de ordem for um dia obrigatório. Por enquanto a reprovação no exame não significa impedimento para o exercício da Medicina.
Ouvi citações de Descartes durante uma das perguntas e sinceramente muito pouco entendi. O que seria essa idéia de questionamento, reconstrução do conhecimento? aplicadas a um possível exame de ordem? Boiei... Não fez sentido nessa cabeça oca que possuo. Talvez o Rafael me fale melhor disso depois. Não sei se ele se interessa por isso, mas suponho que sim. Ainda mais sobre Exames de Ordem, visto que no final do curso de Direito há um para os aspirantes a advogados... (7% de aprovação no último exame... nossa!...).
Sinto que perdi o fio da meada. Voltando. Uma avaliação seriada, proposta pelos acadêmicos de Medicina, parece ir ao encontro das metas do CREMESP. Todos brigam por uma mesma causa, a melhoria da qualidade do ensino Médico, e de um controle mais eficiente dos novos profissionais que entram no mercado, seja com o impedimento da abertura de novas escolas, seja com uma avaliação mais rígida. A diferença é que enquanto os estudantes defendem uma avaliação institucional o CREMESP propõe uma avaliação externa às instituições. Neste ponto eu me sinto obrigado a concordar com o professor de Cardiologia da UNIFESP, Membro do CREMESP, Dr. Bráulio, que não importa o quanto esperemos, as instituições nunca vão se auto-avaliar de maneira adequada, padronizada e confiável.
Posso questionar, no entanto, como fez a DENEM, da isenção do CREMESP para tal responsabilidade. Todavia, eles possuem o mérito de serem os pioneiros no país a realizar esse tipo de avaliação. Seria um bom princípio, segundo eles. Lembro que eles foram criticados quanto ao "caráter científico", ou experimental, da prova. Não vi nenhum absurdo na construção do raciocínio dessa parte. Não li as referências citadas e nem pretendo, que o façam as partes interessadas. Não desisti de entender esse tema ainda, mas não vou ativamente atrás dessas informações, pois para mim a Microbiologia no momento é mais importante que qualquer exame de ordem.
Eu também tenho um exame muito importante assim que eu acabo a faculdade, que é a prova de pós-graduação. E pretendo passar para pode continuar nesta adorável vida acadêmica que eu escolhi pra mim. E para chegar até a prova da pós eu preciso passar de ano. Abraços a todos!